Câmara de Setúbal corta relações com o Vitória

Atraso das obras do museu do Vitória causa inquietação 

A Câmara Municipal cortou relações com o Vitória de Setúbal devido à "reiterada e inaceitável quebra de lealdade" da direção do clube, revela uma carta da presidente do município setubalense a que a agência Lusa teve acesso no domingo. Em carta dirigida ao presidente do principal clube da cidade, Fernando Oliveira, no início do passado mês de Outubro, a presidente do município sadino, Maria das Dores Meira, afirma que a última dessas manifestações de deslealdade foi o arranque das obras na Sala de Troféus do clube do Bonfim, aparentemente com base no projeto elaborado pelos serviços municipais, que a autarca setubalense diz ser "absolutamente inaceitável". Clube e autarquia reúnem esta tarde para ultrapassar diferendo. 
Museu do Vitória no centro da discórdia entre autarquia e clube 

"A ser verdade que o Vitória de Setúbal está a executar este projeto, de acordo com informações que nos foram transmitidas por vários munícipes vitorianos e por técnicos municipais, estamos perante uma total irresponsabilidade que não podemos aceitar", refere a missiva de Maria das Dores Meira.
De acordo com a autarca, "o projeto tem autor e tem direitos de autor e, por essa razão, deverá o clube suspender de imediato a obra".
"A decisão de avançar com as obras em curso na Sala de Troféus põe, por outro lado, em causa os procedimentos legais que tínhamos em curso para adjudicar um conjunto de obras em várias instalações do estádio, entre as quais esta sala de Troféus, e que vamos suspender de imediato", acrescenta.
Maria das Dores Meira lembra ainda que a autarquia investiu milhares de horas de trabalho de duas técnicas municipais no inventário de quatro mil troféus do clube sadino e no tratamento de todas as peças em estado de degradação acelerada, reiterando que a decisão dos atuais dirigentes do clube de avançarem com as obras na Sala de Troféus foi apenas "mais um exemplo das várias atitudes desleais e irresponsáveis do senhor presidente e da direção do Vitória de Setúbal".
A carta da presidente da Câmara de Setúbal recorda ainda que, ao longo das últimas décadas, a autarquia tem ajudado o clube do Bonfim com os mais variados apoios, "desde os auxílios financeiros permitidos por lei às modalidades, passando pela cedência de terrenos que o Vitória tem sistematicamente alienado para gerar mais capital, até à realização de obras no estádio e noutras instalações de apoio a esta instituição".
Assegurando que mantém total disponibilidade para ajudar o clube sadino, noutro quadro de relacionamento que não o atual, Maria das Dores Meira garante também que a Câmara Municipal não vai permitir que os atuais dirigentes do Vitória de Setúbal responsabilizem a autarquia pelas dificuldades do clube.
"Não contribuiremos para que a direção do clube eleja a Câmara Municipal como bode expiatório de todas as incapacidades que tem revelado e muito menos aceitaremos que faça da edilidade a responsável pelos impasses para que o Vitória de Setúbal se deixou arrastar, por sua exclusiva responsabilidade", adverte Maria das Dores Meira.
A situação dura há mais de três anos, uma vez que o protocolo entre a Câmara e o clube sadino foi assinado em 2011.
A autarquia admite o transtorno para o Vitória, mas garante que tem agido com a celeridade que a situação e os recursos humanos, logísticos e financeiros permitem. Que houve más surpresas e imprevistos com o estado de algumas taças e pede que se reconheça o esforço de um investimento de 200 mil euros. O Vitória entende que nada justifica tanta demora.
Ainda assim está previsto para esta tarde uma reunião, entre o presidente da Assembleia Geral do Vitória, Frederico Nascimento, o presidente do Conselho Fiscal, Afonso Luz, e a presidente da autarquia,  Maria das Dores Meira, sugerida pelo Conselho Vitoriano. O principal objetivo desta reunião é esclarecer mal-entendidos entre clube e autarquia. A agência Lusa tentou ouvir o presidente do Vitória de Setúbal, mas não foi possível.


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