Out Fest 2015 arranca hoje no Barreiro

Quatro mãos cheias de outras músicas nos palcos da cidade

Chega hoje a 12.ª edição o festival nascido da vontade de colocar as margens da música no centro de uma cidade. O Festival Internacional de Música Exploratória do Barreiro, conhecido como Out.Fest, e que se realiza entre 8 e 11 de Outubro, terá cerca de 20 concertos. O evento, um dos mais reconhecidos em Portugal ao nível das linguagens mais experimentais desde 2004, contará este ano com nomes como Matana Roberts, Vladislav Delay ou Russell Haswell. Comum a todos os concertos no Out.Fest a vontade de desbravar novos territórios, com músicos de diversas gerações sem receio de se porem em causa, independentemente da sua abordagem estar mais próxima do jazz, do rock, das electrónicas ou da folk.
A norte americana Matana Roberts atua esta noite no Barreiro 

Nesta quinta-feira, o primeiro dia do festival,  o destaque vai para o diálogo, através de "Iruman" entre o japonês Akira Sakata e o italiano Giovanni di Domenico, músicos separados por 30 anos, mas unidos pelo gosto pela improvisação. Já a norte-americana Matana Roberts chama a atenção para o álbum "always.", enquanto o trio nacional formado por Miguel Mira (violoncelo), Pedro Sousa (saxofone) e Afonso Simões (baterista dos Gala Drop) propõe novas cartografias jazzísticas.
No segundo dia, chega de fora de portas a percussão do finlandês Vladislav Delay (também conhecido como Luomo; Sasu Ripatti de nome verdadeiro) e a celebração dos 50 anos de carreira da histórica banda britânica AMM. A representação nacional está entregue à dupla de improvisadores-exploradores David Maranha & Helena Espvall, que exibem as suas "Sombras Incendiadas" na companhia de Ricardo Jacinto e Norberto Lobo.
Do cartaz do terceiro dia sobressaem os psicadelismos dos escoceses Golden Teacher, o "black metal transcendentalista" dos norte-americanos Zs, as electrónicas do inglês Russell Haswell, o som desafiante dos portugueses Gala Drop e os contorcionismos e explorações extremas do saxofone pelo alemão Peter Brötzmann em dupla com o vibrafonista norte-americano Jason Adasiewicz. Caveira, Filipe Felizardo, Niagara, Black Zone Myth Chant, Älforjs, Bleiddwn, Cotrim, Low Jack e Rabu Mazda & Van Ayres completam o alinhamento.
A 11, dia de encerramento, na Escola Conde de Ferreira, haverá o americano Laraaji, praticante de meditação transcendental através do riso e criador de música ambiental próxima do silêncio, que apresentará The Peace Garden, uma peça que é também workshop de meditação e performance. Para além dos concertos, haverá espaço para outras actividades com a música no centro, como um workshop com Russell Haswell & André Gonçalves ou uma sessão de ioga com Laraaji.
A noite é toda dele, que acredita na meditação através do riso, mas é também crente nas potencialidades hipnóticas da música, alcançadas através do recurso a referências orientais. A sua cítara personalizada e convertida à electrónica é o maior expoente dessa crença. Foi Brian Eno quem o descobriu.

Um mundo de outras músicas 
Em jeito de balanço destes últimos 11 anos, Rui Dâmaso, diretor do festival, afirma que o Out Fest "é, com toda a certeza, o mais importante encontro, a nível nacional, para as músicas experimentais, inovadoras e criativas".
Uma novidade para este ano é o facto de se "aprofundar a relação do festival com a cidade", o que resulta na abertura de portas a três novos palcos do Barreiro. Locais, diz Rui Dâmaso, "que simbolizam a história da cidade", com destaque para o Museu Industrial da Baía do Tejo, a sede da ADAO – Associação Para o Desenvolvimento das Artes e Ofícios -, e as instalações da Escola Conde de Ferreira, atual Centro de Produção e Participação Artística.
Recorde-se que o Out Fest foi distinguido com o selo “EFFE – Europe for Festivals, Festivals for Europe” 2015-2016. A decisão foi divulgada no passado dia 20 de Maio, pela EFFE. Esta iniciativa tem o apoio da União Europeia e visa reconhecer festivais que demonstrem um profundo compromisso com as artes, com as suas comunidades e com os valores europeus.
Ao longo da última década passaram pelo festival nomes tão relevantes como os The Fall, Oneida, Damo Suzuki, William Basinski, Sprectrum ou Wolf Eyes.

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