Obras no aeroporto do Montijo arrancam em 2016

Obras devem avançar já no inicio de 2016 

As companhias aéreas de baixo custo vão passar a voar para o Montijo já em 2018, mantendo-se a Portela como o aeroporto principal de Lisboa. A revista Visão desta semana revela em exclusivo os pormenores do plano que está a ser negociada. A Câmara  do Montijo e a Força Aérea estão a negociar com a ANA e o Governo as contrapartidas para a instalação de um terminal civil para as low cost na base aérea nº 6 do Montijo. A revista escreve na edição de hoje que as partes envolvidas estão a acertar os detalhes de um memorando de entendimento, a ser aprovado em breve e que, permitirá o arranque das obras no próximo ano, a tempo de estarem concluídas em 2018. Ao mesmo tempo, a Câmara da Moita, diz que são necessários investimentos na região, nomeadamente nos territórios de Alcochete, Montijo, Moita, Barreiro e eventualmente em Palmela. O presidente da Câmara da Moita deixou ainda críticas à maneira como o processo do novo aeroporto tem evoluído nos últimos anos. 
Montijo vai mesmo receber trafico aéreo comercial 

A utilização da base aérea para a aviação civil obriga ao reforço da atual pista secundária do Montijo, que corre paralela com a principal da Portela, uma vez que a principal tem uma orientação que conflitua com a mais usada em Lisboa. Terão ainda de ser construídos novos acessos de ligação da Ponte Vasco da Gama ao futuro terminal de passageiros, o que implica uma nova praça de portagem. Haverá ainda intervenções na rede viária no interior dos concelhos do Montijo e Alcochete. As ligações fluviais são privilegiadas neste projeto, prevendo-se uma ligação rápida para Santa Apolónia, com ligação ao terminal de cruzeiros e estação ferroviária.
Além destas obras,  Nuno Canta, presidente da Câmara do Montijo, ainda quer uma nova avenida com ciclovia ao cais fluvial do Seixalinho, para “utilização dos catamarãs da Transtejo como elemento de transporte público da nova infraestrutura aeroportuária até Lisboa”. No “caderno de encargos” entregue à ANA, para viabilizar a adaptação da base, consta ainda o abastecimento de água e tratamento de esgotos pelos serviços municipais.
Esta solução não reúne o consenso entre as maiores companhias de baixo custo que operam na Portela.. Enquanto a Ryanair se congratula com a mudança, apesar de exigir uma gestão aeroportuária autónoma da
ANA, a EasyJet mostra-se descontente, preferindo manter-se na cidade de Lisboa.
O presidente executivo da Ryanair, Michael O'Leary, defendeu que é urgente a abertura de um aeroporto complementar no Montijo, acusando a Vinci, gestora dos aeroportos portugueses, de estar a limitar a capacidade de crescimento da companhia. "Lisboa pode crescer muito mais. É altura de pensar no Montijo. Queremos investir em Lisboa, mas neste momento estamos bloqueados pelo aeroporto da Portela", afirmou o responsável da companhia área de baixo custo, durante o verão.
Michael O'Leary não tem dúvidas de que o grupo francês Vinci, gestor dos aeroportos, "quer que o tráfego permaneça abaixo dos 22 milhões de passageiros [anuais]", valor que o Governo definiu como sendo a capacidade máxima da infraestrutura.
"Montijo é a solução para aumentar a concorrência entre os dois aeroportos", defendeu ainda o presidente executivo da Ryanair, considerando que a gestão deverá ser entregue a outra empresa, para aumentar a concorrência.

Easyjet e a Transavia desconfiam da opção Montijo 
Contudo, a Easyjet e a Transavia não estão tão recetivas à ideia. Fonte oficial da companhia britânica disse ao jornal Sol que “a Easyjet pretende manter a sua operação no terminal 2 do Aeroporto de Lisboa, um aeroporto central e com ótimos acessos, vantagens muito importantes para captar turistas e passageiros de negócio”.
“Os nossos passageiros pretendem chegar rapidamente ao seu destino e não a um aeroporto que fique a 50 ou 100 kms de distância do destino final”, reforçou o responsável.
A terceira companhia mais importante no aeroporto de Lisboa, não exclui a possibilidade de avaliar uma "eventual mudança para outro aeroporto". Mas frisa que essa hipótese "terá de ser analisada no momento em que se concretize, pois poderá ter consequências não só no turismo, mas também nas viagens de negócios". Até porque a Easyjet prefere estar em aeroportos principais.
Já da parte da Transavia, o diretor comercial Hervé Kozar explicou que vê “a possibilidade de mudar para o Montijo com um alto grau de ceticismo”, já que ter base em aeroportos próximos do centro das cidades é um dos pilares do modelo de negócio da empresa. Mas disse-se aberto a “novas propostas que possam trazer valor acrescentado aos passageiros”, disse o responsável da empresa francesa.

Moita também exige investimento 
O presidente da Câmara da Moita, Rui Garcia, afirmou que a solução para a construção de um aeroporto complementar à Portela, no Montijo, deve ser a que melhor sirva os interesses do país, referindo que caso a escolha passe pela Base Área do Montijo são necessários investimentos na região, nomeadamente nos territórios de Alcochete, Montijo, Moita, Barreiro e eventualmente em Palmela. O autarca comunista deixou ainda críticas à maneira como o processo do novo aeroporto tem evoluído nos últimos anos.
 “Esperamos que a solução tomada seja ao serviço dos interesses do país e não do interesse da ANA. Se a solução passar pela base aérea, é necessário que sejam feitos investimentos na região, nos municípios de Alcochete, Montijo, Barreiro e Moita, para criar condições para que a instalação se faça sem prejuízo para a população que aqui reside”, afirmou o autarca da Moita.
Rui Garcia deixou críticas à maneira como o processo do novo aeroporto tem evoluído nos últimos anos.
“Nós, Portugal, não podemos continuar num permanente ziguezague em relação a uma questão tão importante como o novo aeroporto. É uma estrutura fundamental para ligação do país ao estrangeiro e não pode estar sujeita ao circunstancialismo de um governo que diz que é na Ota, outro diz que é no Rio Frio, outro em Alcochete e outro que diz que não é em lado nenhum. Isto não é forma de trata este assunto”, frisou o autarca comunista.

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