Laboratório de cocaína entre Fernão Ferro e Sesimbra

Cocaína atravessou o Atlântico em garrafas de cachaça 

A Polícia Judiciária anuncia que desmantelou um laboratório de extração de cocaína, o primeiro em Portugal e caso raro também na Europa. A cocaína estava escondida em garrafas de cachaça. Em comunicado a Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes revela que este laboratório funcionava numa moradia, que não é identificada, entre Sesimbra e Fernão Ferro (Seixal). Era aqui que faziam a extração do cloridrato de cocaína, que estava dissolvido em garrafas de cachaça importadas do Brasil. A judiciária diz que este é um processo muito complexo, exige especiais conhecimentos de química, tendo, pela primeira vez, sido apreendidos documentos com informação detalhada sobre o modo de efetuar tal extração, adianta a PJ. Há apenas notícia de um laboratório com características idênticas descoberto em 2012.
PJ desmantelou rede que transportava droga em garrafas de cachaça 

A intervenção da Polícia Judiciária, que levou à detenção de dois portugueses, um brasileiro e um espanhol, evitou ainda que fossem extraídos das garrafas de cachaça cerca de 40 a 50 quilos de cloridrato de cocaína de elevado grau de pureza, pronto a comercializar.
Segundo a mesma fonte, a cocaína é da Bolívia, mas foi dissimulada em garrafas de cachaça no Brasil, tendo o transporte da mercadoria ocorrido por via aérea entre Fortaleza e Lisboa.
No Brasil - explicou - as redes de tráfico adquirem o quilograma de cocaína a cerca de três mil euros, mas uma vez em Portugal esse valor sobe para um valor entre 35 a 38 mil euros.
Esclareceu ainda que o grosso da cocaína em Portugal tinha como destino Espanha, onde o seu valor pode atingir preços superiores.
Este foi o primeiro laboratório do género descoberto e desmantelado em Portugal e, na Europa, há apenas registo da descoberta de um laboratório de características idênticas, em 2012, salienta a Judiciária.
Segundo a Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da PJ, o laboratório encontrava-se instalado numa moradia, entre a vila de Sesimbra e a localidade de Fernão Ferro, no Seixal, nela se processando a extração do cloridrato de cocaína que se encontrava dissolvido em garrafas de cachaça importadas do Brasil.

Técnica exige conhecimentos em química 
Trata-se de um processo de grande complexidade, exigindo, além de meios técnicos adequados, especiais conhecimentos de química, tendo, pela primeira vez, sido apreendidos documentos com informação detalhada sobre o modo de efetuar tal extração, adiantou a PJ.
A fonte policial referiu o elevado grau de sofisticação da rede e os conhecimentos de química demonstrados, observando que as garrafas vinham embaladas, mas que, mesmo retiradas das caixas, não era possível a olho nu descobrir que continham cocaína.
Na operação foram ainda apreendidos produtos de corte, percursores, todo o equipamento necessário ao processo químico de extração do cloridrato de cocaína e a sua preparação para venda no mercado ilícito de estupefacientes, e, ainda, uma viatura topo de gama.
As investigações começaram no início de 2015, em colaboração com as autoridades brasileiras, o que permitiu localizar e desmantelar o laboratório.
Os quatro detidos em Portugal, com idades entre os 32 e os 48 anos, encontram-se em prisão preventiva.
Entretanto, a vertente da organização criminosa que operava no Brasil foi igualmentente desmantelada, também numa operação desencadeada esta semana pela Polícia Federal brasileira, denominada Operação Cardume.
Na Operação Cardume foram cumpridos 28 mandados de prisão, realizadas 47 buscas e apreendidos numerosos bens móveis e imóveis, bem como contas bancárias, algumas tituladas por cidadãos de nacionalidade portuguesa.


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