Barcos do Barreiro podem voltar às greves

Trabalhadores da Soflusa aguardam reuniões para decidir protestos  

Os trabalhadores da Soflusa, empresa responsável pelas ligações fluviais entre o Barreiro e Lisboa, decidiram ontem aguardar pelo desfecho das conversações com a empresa, daqui a uma semana, antes de avançarem para novas formas de luta. Em Setembro, os trabalhadores da Soflusa realizaram cinco dias de greve parcial, que afetou as ligações, em especial nas horas de ponta da manhã e tarde, exigindo uma revisão da massa salarial. Os barcos que ligam a capital ao Barreiro podem voltar às greves. Nova reunião acontece a 14 de Outubro.
Trabalhadores da Soflusa ameaçam com  mais  greves 

"Os trabalhadores decidiram aguardar pelo resultado da reunião que vai decorrer no dia 14 de Outubro. A empresa tinha uma reunião agendada no âmbito do processo da Transtejo mas deu abertura para que a Soflusa também esteja presente", disse Carlos Costa, do Sindicato dos Transportes Fluviais Costeiros e Marina Mercante, afeto à Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações.
O responsável sindical explicou que os trabalhadores decidiram também, no plenário que decorreu no Barreiro, manter a greve ao trabalho extraordinário que decorre há vários meses.
"Vamos manter a greve ao trabalho extraordinário e aguardar. Neste momento, estão excluídas outras formas de luta até se concluírem as reuniões", defendeu.
Em Setembro, os trabalhadores da Soflusa realizaram cinco dias de greve parcial, que afetou as ligações, em especial nas horas de ponta da manhã e tarde, exigindo uma revisão da massa salarial.
Segundo um comunicado da  Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações, a greve de Setembro foi  convocada “em defesa do cumprimento integral do Acordo de Empresa, pela negociação colectiva e contra a onda repressiva traduzida em cerca de 90 processos disciplinares”.
“Esta é a resposta às medidas prepotentes e arbitrárias da actual administração desta empresa que recusa negociar as condições de trabalho e procede a aumentos de salários de quadros superiores em valores que atingiram 2 500 euros por mês”, dizem os sindicalistas.
Aquela federação sindical acusa o Governo de estar a “proceder à destruição da organização e funcionamento das quatro empresas – Carris, Metro, Transtejo e Soflusa – para gerar a extinção de centenas de postos de trabalho e embaratecer a operação se subconcessão/privatização em curso”. A decisão dos trabalhadores foi tomada durante um plenário.
Durante a tarde de ontem, as ligações entre as duas margens sofreram perturbações devido à realização do plenário.

Utentes discordam da greve 
"Está na hora de dizer basta a este tipo de greve e de plenários em hora de trabalho. Pagamos - e não é pouco - pelo passe, temos responsabilidades e não podemos ser sempre prejudicados quando os senhores dos barcos querem, ou não, fazer greve, ora por isso ora por aquilo", dizia ontem, no Barreiro, Guilherme Pires, enquanto esperava pelo fim dos trabalhos dos plenários do trabalhadores.  A mesma opinião tinha Margarida Vaz que aguardava a passagem para a outra margem. "Em Setembro fui gravemente lesada por esse tipo de greve. Perdi horas no meu trabalho, logo perdi dinheiro de salário, mas o valor do passe não baixa nem estes trabalhadores se preocupam com quem lhes paga os ordenados: nós. Haverá sempre formas de luta, e isso é digno, agora não se pode penalizar sempre o contribuinte que paga é, como hoje, tenho de chegar ao meu trabalho fora de tempo. No domingo houve eleições. O povo escolheu para ficar, quase tudo, igual. Será que estes trabalhores votaram? É ai que as mudanças começam", concluía a chefe de sala de um restaurante na capital.

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