Almada, Barreiro e Seixal são agora a Lisbon South Bay

"O Arco Ribeirinho Sul será sempre o nosso paracetamol" 

Lisbon South Bay é o novo nome adoptado para os territórios da margem sul do Tejo, geridos pela Baía do Tejo, empresa pública do universo Parpública, e integrados no Arco Ribeirinho Sul. O nome, apresentado  pela administração da empresa e pelos presidentes das três câmaras municipais (Almada, Barreiro e Seixal), resulta de um estudo de marketing em que foram realizadas mais de mil entrevistas, a entidades e pessoas da região, e tem como objectivo, segundo o presidente da Baía do Tejo, facilitar a promoção internacional dos parques industriais do Barreiro e Seixal, e a Cidade da Água projectada para os terrenos da antiga Margueira, em Almada. A opção por uma designação em língua inglesa foi justificada por Jacinto Pereira com a necessidade de um “posicionamento global” da estratégia que pretende “construir uma região de referência à escala internacional” e “atrair investimento e emprego”. O novo plano de marketing custou cerca de 100 mil euros, realizada, conjuntamente, pela Baía do Tejo e pelos três municípios, com financiamento de fundos europeus. O novo nome, no entanto, não agrada a todos. 
Parte da Margem Sul chama-se agora... Lisbon South Bay


A ideia por detrás do nome "Lisboa South Bay", promovido pela Baía do Tejo e pelos três municípios do distrito de Setúbal [e que nada têm a ver com Lisboa], é a criação de uma identidade comum e promoção dos territórios com uma marca forte e coesa.
"Pretendemos atrair investimento e emprego, não só a nível nacional, mas também internacional", explicou o presidente da Baía do Tejo, citado pela Lusa. Jacinto Pereira afirmou ainda que prevista a participação em eventos internacionais.
O responsável salientou que o nome Lisboa South Bay é importante para que todos os investidores estrangeiros percebam deste logo a localização dos territórios. A opção por uma designação em língua inglesa foi justificada por Jacinto Pereira com a necessidade de um “posicionamento global” da estratégia que pretende “construir uma região de referência à escala internacional” e “atrair investimento e emprego”.
Jacinto Pereira referiu que existe já interesse de investidores nacionais e internacionais nos territórios, e que em breve devem ser fechados contratos, explicando que alguns projectos âncora, como o novo terminal de contentores de Lisboa, podem ajudar a aumentar o interesse.
O presidente da Câmara do Barreiro, Carlos Humberto, explicou que este é mais um passo para potenciar e promover os três territórios localizados no distrito de Setúbal.
"É preciso aproveitar, requalificar e dar sustentabilidade económica aos territórios, aproveitando a frente de rio. Estes são os territórios mais importantes e com características únicas no país para o processo de reindustrialização", defendeu o autarca do Barreiro, onde foi apresentado o novo nome.

O potencial turístico... do nome 
“Lisbon South Bay” remete para três conceitos, segundo explicou Pedro Godinho, em representação da Sales Group, entidade responsável pelo estudo: “Lisboa”, aproveitando o seu potencial turístico, “Sul” e toda a qualidade de vida associada às praias, ao lazer, e à dinâmica cultural destes três concelhos, e “Baía”, associado ao Rio Tejo e a este o “imenso” espelho de água do Mar da Palha. 
Por outro lado, “Rio”, “baía”, “estuário”, “água” e a proximidade com Lisboa, foram identificados como “forças e oportunidades” do território em causa, que tem nas chaminés industriais do Barreiro, no rio e praias alguns dos vários ícones e pontos marcantes. Segundo, ainda, Pedro Godinho, que explicou a metodologia aplicada, foram auscultadas 1048 pessoas – entre representantes de instituições, personalidades e cidadãos –, nos vários momentos, quer através de focus group, workshops, e inquéritos online.
Este novo “nome” resulta do lançamento de um Plano de Marketing para os territórios da Baía do Tejo, no âmbito de uma candidatura ao Programa Regional Operacional de Lisboa, cofinanciada pelo FEDER, sob a designação “Estratégia de Promoção Nacional e Internacional do Arco Ribeirinho Sul”, no valor de cerca de 100 mil euros, realizada, conjuntamente, pela Baía do Tejo e pelos três municípios.

"O que as pessoas querem é emprego" 
Os autarcas de Almada, Seixal e Barreiro, dizem não recear qualquer falta de identificação das populações destes concelhos com o nome em inglês. “Isto está como o Paracetamol para o Ben-u-ron, o Arco Ribeirinho Sul será sempre o nosso paracetamol”, disse Joaquim Judas, presidente da Câmara de Almada. Carlos Humberto, do Barreiro, acrescentou que “aquilo que interessa às populações é que se consiga atrair investimento, o que as pessoas querem é emprego”.
A designação Lisbon South Bay envolve apenas três dos seis municípios que integram o projecto Arco Ribeirinho Sul, por serem aqueles em que a Baía do Tejo detém territórios, e foi seleccionada entre 70 hipóteses iniciais por mostrar facilmente a localização geográfica. “É fácil, para qualquer investidor, encontrar Lisboa, o sul do Tejo e a baía”, defende Joaquim Judas.
O autarca do Seixal, Joaquim Santos, diz esperar que, com o novo plano de promoção, de que o nome é apenas o “primeiro passo”, a margem sul do Tejo passe a ser vista “não como um deserto, como se dizia há uns anos, mas como um oásis para investimento”.

CDS contra o novo nome adotado
A Concelhia do Barreiro da Juventude Popular está contra a “ideia apresentada pelos três executivos municipais, que atribui o nome de “Lisbon South Bay” aos territórios geridos pela empresa Baía do Tejo, nos municípios do Barreiro, de Almada e do Seixal”. A estrutura lamenta “o facto de o nome escolhido ser numa língua alheia à de Camões”. 
Em comunicado, os jovens populares justificam que preferem “o reconhecimento das infraestruturas pelas oportunidades que proporcionam aos investidores estrangeiros e não pelo idioma do nome”, enaltecendo que deve-se “preservar a identidade nacional”.

Comentários