Hospital de Santiago do Cacém quer externalizar urgência

Faltam 186 médicos no Litoral Alentejano 

A presidente da administração da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano  admitiu externalizar a globalidade do serviço de Urgência do hospital, sediado em Santiago do Cacém, para resolver o problema da falta de médicos. De acordo com a presidente da administração do hospital alentejano, Maria Joaquina Matos, o "`outsourcing` global" daquele serviço do Hospital do Litoral Alentejano, à semelhança do que acontece em "grande parte" dos hospitais espanhóis, é uma das alternativas que têm vindo a ser discutidas no seio da entidade. No entanto, referiu a administradora, a proposta "não é consensual por várias razões, inclusive por interesses instalados". O hospital de Santiago do Cacém e os centros de saúde que também integram a Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano têm falta de 186 médicos. A administração admite a existência de problemas resultantes da escassez de clínicos. 
Falta de médicos no Litoral Alentejano é "muito preocupante" 

 Maria Joaquina Matos falava aos jornalistas no seguimento da recusa dos médicos que "têm assumido" a chefia das equipas do Serviço de Urgência Médico-Cirúrgica (SUMC) do Hospital do Litoral Alentejano em continuar a assumir o cargo, decisão que deram a conhecer ao diretor clínico, na quinta-feira, através de um abaixo-assinado.
Os clínicos alegaram "degradação contínua das condições de trabalho, quer em termos de falta de material, quer em termos de falta de pessoal", mas a administração da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano reconhece apenas a carência de recursos humanos.
No que diz respeito aos chefes de equipa, Maria Joaquina Matos afirmou que os mesmos transitaram da anterior administração do Hospital de Santiago do Cacém que, portanto, não foram nomeados pelo atual conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano, constituída há pouco mais de dois anos, pelo que, na prática, não podem "apresentar demissão".
A lista de novos chefes de equipa do SUMC é, aliás, segundo a responsável, um dos 16 assuntos que estão a ser analisados e discutidos desde Março de 2013, uma vez que, a "alguns desses elementos" [os subscritores do abaixo-assinado], não é reconhecida, pelo diretor clínico, "capacidade de chefia".
Para a administradora, a ação dos médicos, que não confirmou se seriam 14 ou 16, representou "um alerta positivo" para o facto de o corpo clínico do Hospital estar "permanentemente em esforço" para cobrir as falhas no SUMC.
Maria Joaquina Matos manifestou-se "tranquila" em relação à situação, tanto mais que, entre quinta-feira e sexta-feira, a chefia das equipas de Urgência continuou a ser assumida pelos mesmos médicos.
Agora, a responsável do hospital  pede "bom senso" para se "continuar a tentar resolver as coisas pela positiva", o que passa por "fechar" as 16 medidas de melhoramento em análise.
A administradora lembrou que a Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano, que integra todos os serviços de saúde dos concelhos de Alcácer do Sal, Grândola, Odemira, Santiago do Cacém e Sines, precisa de 186 médicos para assegurar o atendimento da população, mas dispõe apenas de 79.
É também por falta de médicos de Medicina Interna que o Hospital do Litoral Alentejano não tem um diretor para o serviço de urgência, explicou Maria Joaquina Matos. 
O Hospital do Litoral Alentejano, em Santiago do Cacém, serve cerca de 200 mil pessoas dos concelhos de Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém e Sines, no distrito de Setúbal e do município de Odemira, no distrito de Beja.  

Faltam 186 médicos no Litoral Alentejano 
O hospital de Santiago do Cacém e os centros de saúde que também integram a Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano têm falta de 186 médicos. A administração admite a existência de problemas resultantes da escassez de clínicos. Os doentes queixam-se da espera de vários meses por uma consulta ou da demora de horas no atendimento na Urgência. A situação levou à demissão de 14 chefes daquele serviço.
"Há doentes que esperam mais de um ano por uma consulta no hospital. Um problema que acontece em várias especialidades, como é o caso da oftalmologia", afirmou Dinis Silva, da Comissão de Utentes do Litoral Alentejano, acrescentando que os doentes urgentes (pulseira amarela) esperam "nove horas na Urgência" nos dias de maior afluência. 
José Robalo, presidente da Administração Regional de Saúde do Alentejo, reconhece a "dificuldade" na contratação, pois os concursos não têm candidatos: "Em 2014 abriu-se concurso para 50 vagas e só uma foi preenchida. O concurso ainda não fechou". A administração reconhece que o "problema da falta de médicos reflete-se nos cuidados de saúde primários, serviços de Urgência e restantes especialidades hospitalares".

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