Miguel Macedo promove GNR morto em Pinhal Novo

"O cabo Chainho é um dos nossos maiores que nós veneramos" 

Em Novembro do ano passado, um imigrante moldavo fez uma família inteira refém, no Restaurante "O Refúgio", em Pinhal Novo. Na tentativa de salvar as vítimas, um militar da GNR de Pinhal Novo, Bruno Chainho, acabou morto pelo sequestrador. Outras pessoas ficaram feridas com o rebentamento de granadas. Um crime que ainda hoje, em Pinhal Novo, é difícil de explicar e complicado de aceitar. Quase seis meses depois,  o Ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, promoveu o jovem militar "morto em serviço" a cabo. A promoção, a título póstumo, ocorreu no dia em que decorreram as cerimónias do 103º aniversário da GNR. De acordo com Miguel Macedo, "a  homenagem é sempre importante, mas não apaga a dor e o sofrimento dos pais".


Miguel Macedo condecorou Bruno Chainho a título póstumo


O Ministério da Administração Interna promoveu na  passada terça-feira a cabo Bruno Chainho, militar da GNR morto em serviço, em Novembro do ano passado, durante um sequestro com reféns num restaurante do Pinhal Novo, no concelho de Palmela.
Antes de ser atingido a tiro por Mihail Codja, 58 anos, um veterano da guerra do Afeganistão, o militar, de 30 anos, natural de Santo André, no concelho de Santiago do Cacém, conseguiu ainda salvar duas mulheres, mãe e filha, que estavam sequestradas no interior do restaurante "O Refúgio".
A promoção, a título póstumo, ocorreu no dia em que decorreram as cerimónias do 103º aniversário da GNR. Bruno Chainho "resgatou e salvou a vida a dois reféns, colocando-os a salvo. Praticou atos de coragem de excecional abnegação e valentia, na defesa de pessoas e bens, com risco para a própria vida, o que de facto sucedeu com o seu falecimento", refere um despacho assinado pelo ministro Miguel Macedo e que foi publicado em Diário da República, a 6 de Maio.
O documento refere ainda que "o militar da GNR do Pinhal Novo, ao entrar no restaurante [O Refúgio] constatou o pânico das vítimas e salvou duas delas, tendo posteriormente sido emboscado por um indivíduo fortemente armado e com explosivos, que se encontrava barricado". A GNR abateu horas depois o sequestrador de nacionalidade moldava.

"Não apaga a dor e o sofrimento dos pais"
Durante a cerimónia do 103º aniversário da GNR, foi prestada uma homenagem aos militares que morreram em serviço, em que marcaram presença os pais de Bruno Chainho. Instado pelos jornalistas a dizer que palavras dirigira aos pais do jovem guarda, Miguel Macedo contou que lhes pediu para "terem força".
O Ministro da Administração Interna conta ainda que lhes disse "que o cabo Chainho é um dos nossos maiores que nós veneramos, como todos os outros" que perderam a vida no cumprimento do dever, adiantou o ministro, comentando que a homenagem é sempre importante, mas "não apaga a dor e o sofrimento dos pais".
Vários militares que se destacaram na "segurança dos cidadãos" foram condecorados na mesma cerimónia, que arrancou com o tradicional desfile das forças em parada e prosseguiu com demonstração de atividades do "carrossel moto".

Bruno, o primeiro a chegar
Bruno Chainho morreu a salvar pessoas num sequestro 
Bruno Chainho, solteiro, era natural de Santiago de Cacém e estava de serviço no posto de Pinhal Novo há quatro meses. Foi atingido pelo sequestrador mal entrou no restaurante "O Refúgio". Ainda assim conseguiu salvar mãe e filha do restaurante.
Bruno tinha prestado serviço militar nos fuzileiros, após o que ingressou na GNR. Esteve colocado no Algarve e há quatro meses que estava destacado no posto de Pinhal Novo.
O jovem guarda foi o primeiro a abordar o homem no restaurante e terá sido atingido com um tiro. Depois ficou no interior do estabelecimento durante sete horas até a GNR tomar de assalto o restaurante. Bruno teve morte imediata, mas naquela noite ainda ninguém sabia disso. Na noite de terror de 23 de Novembro outros três guardas do Posto de Pinhal Novo ficaram feridos com estilhaços de granada.
Após mais de seis horas de negociações, a GNR – que descreveu esta operação como de “alto risco” e “inédita” pelo grau de violência – avançou com uma intervenção táctica, às 5h17, depois de o homem ter morto um cão das brigadas cinotécnicas e ferido outro. O sequestrador foi morto no local pela Unidade de Intervenção da GNR. Ao todo, 135 militares estiveram envolvidos na operação.
O corpo de Mihail foi cremado e regressou de onde partiu, Etulia, Moldávia. Bruno Chainho foi sepultado em Santo André, Santiago do Cacém, onde cresceu, viveu e sonhou salvar pessoas. A família ainda espera por uma indeminização do estado português. O Restaurante “O Refúgio” fechou para nunca mais abrir. O Pinhal Novo, terra de sossego, jamais esquecerá aquela noite de desassossego de uma madrugada fria de Novembro.


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