Autarquias da Arrábida estudam alternativas à Unesco

Autarquias procuram outras formas de obter o reconhecimento da Arrábida

O presidente da Associação de Municípios da Região de Setúbal, Rui Garcia, assegurou que as autarquias da região vão prosseguir os estudos sobre a Arrábida, apesar da retirada da candidatura daquele território a Património Mundial da Humanidade. Sesimbra, Setúbal e Palmela já estudam outras formas para classificar a Serra da Arrábida como Património Natural da Humanidade. 


Autarquias ainda  lutam por reconhecimento mundial da Arrábida

“A comissão executiva da candidatura – constituída pela Associação de Municípios da Região de Setúbal (AMRS), Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e câmaras municipais de Setúbal, Palmela e Sesimbra – decidiu prosseguir com os trabalhos programados para o aprofundamento do conhecimento sobre o território da Arrábida”, disse Rui Garcia, em conferência de imprensa realizada esta semana na Quinta de São Paulo, em Setúbal.
“Os pareceres dos especialistas da Unesco [Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura] consideram que não existem valores naturais ou culturais únicos e excecionais que justifiquem a classificação da Arrábida a Património Mundial”, acrescentou o líder da AMRS.
Ainda assim a aposta na valorização da Arrábida vai continuar. "Continuamos a acreditar que a Arrábida é um património extraordinário e vamos continuar a trabalhar para a valorização do mesmo, estudando as alternativas para o reconhecimento mundial", referiu Rui Garcia. Para os autarcas é "importante  continuar a aprofundar o estudo, a reflexão e a discussão sobre os pareceres da União Internacional de Conservação da Natureza e do Conselho Intermunicipal dos monumentos e sítios". Rui Garcia anunciou ainda que todos "os trabalhos em curso irão ser mantidos, pois permitirão aprofundar o conhecimento sobre o território e a intensificação do processo de valorização da Arrábida".
Uma ideia partilhada pelos municípios que compõem a Serra da Arrábida. André Martins, vice-presidente da Câmara de Setúbal disse que a "Arrábida é nossa e cabe-nos a nós protege-la e valoriza-la".  Ainda segundo o autarca de Setúbal "este desfecho em nada altera a nossa posição. Vamos continuar a fazer o nosso trabalho para que a Arrábida ainda possa vir a ser reconhecida pela Unesco".
Uma posição partilhada pela Câmara de Palmela que "acredita que há outras formas de continuar a valorizar este nosso bem", disse o presidente Álvaro Amaro. De acordo com o chefe do executivo de Palmela, a Arrábida "é e continuará a ser uma marca distintiva de valorização do nosso território".
Augusto Pólvora, presidente do município de Sesimbra, lembrou que este "é um processo com 10 anos e não foi feito em cima do joelho. O grupo de trabalho vai ser mantido e vamos ponderar e avaliar outras possibilidades" que tornem a Arrábida conhecida pelo mundo inteiro.

Peritos classificam pedreiras como “cicatrizes irreparáveis a longo prazo"
Pedreiras da Arrábida dificultaram evolução da candidatura 
O Estado português decidiu retirar a candidatura da serra da Arrábida a Património Mundial da Humanidade face aos pareceres negativos do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios e da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais, organizações consultivas da Unesco
Questionado pelos jornalistas, Rui Garcia admitiu que os pareceres dos relatórios das entidades consultoras da Unesco  não fazem qualquer referência às pedreiras e à cimenteira da Secil, mas defendeu que é necessário continuar a trabalhar para uma cada vez “melhor compatibilização das atividades económicas com a sustentabilidade ambiental”. “As atividades económicas [na Arrábida] são necessárias, mas devem ser reguladas de forma a não pôr em causa a sustentabilidade ambiental”, disse o presidente da AMRS.
Uma ideia partilhada por Augusto Pólvora que disse que "seria bom que estas indústrias não estivessem instaladas na Arrábida, mas já que estão, tem de haver respeito pelo atividade económica que ali se desenvolve.
Embora este não inclua na área a classificar o local onde estão a cimenteira da Secil e as pedreiras, os autores do parecer, ao contrário da Comissão Executiva da Candidatura a Património Mundial, destacam negativamente o seu impacto na paisagem, como “cicatrizes irreparáveis a longo prazo". Os peritos apontam também o dedo à construção, nalguns casos ilegal, de casas de férias naquela zona e às pressões do turismo.
Nos últimos anos, os municípios de Palmela, Sesimbra e Setúbal investiram centenas de milhares de euros na candidatura da Arrábida a Património Mundial, mas o presidente da AMRS garante que não foi dinheiro mal gasto.
“Só temos pena de não termos possibilidade de investir mais, porque a Arrábida constitui um património natural e cultural importante da região e do País”, disse Rui Garcia.
A candidatura, entregue na Unesco em Fevereiro de 2013, foi assumida pelo Estado Português devido ao seu “enorme potencial”. “A Arrábida é uma das jóias da coroa do património português que poderá ganhar muito com o seu reconhecimento internacional”, afirmou Paulo Portas, na altura ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros.

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