Elite da Orientação já compete em Palmela e Sesimbra

750 atletas competem nos europeus de orientação até quarta-feira 

Mais de 750 atletas participam no I Europeu de Orientação, modalidade que consiste em percorrer um itinerário assinalado num mapa no menor tempo possível, que decorre em Palmela. A conferência de imprensa de apresentação da prova decorreu na Escola Secundária de Pinhal Novo e as provas começaram ontem e terminam na quarta-feira. A elite da orientação pedestre está reunida em Palmela e Sesimbra para a mais relevante prova da especialidade disputada em território português. Por cá, a modalidade tem conquistado seguidores ano após ano. 

Apresentação da prova decorreu em Pinhal Novo esta quarta-feira 

Poucos poderão dizer que "nasceram para fazer orientação". Mas em países como a Noruega, Suécia ou Finlândia, a modalidade é uma superpotência. O norueguês, bicampeão mundial de longa distância (2010 e 2012), e a sueca Tove Alexandersson, uma das principais candidatas na prova feminina, são algumas das figuras de proa do Campeonato da Europa de orientação, que até 16 de Abril tomará conta de parte do território de Palmela e Sesimbra. É a maior prova da especialidade realizada em Portugal, com 750 atletas de 32 países à procura do melhor trajecto.
“Vamos ter atletas de 29 países europeus, a que se juntam também atletas da Austrália, Nova Zelândia e do Canadá”, disse o diretor técnico da prova, Ricardo Chumbinho, em Pinhal Novo, adiantando que 450 atletas estão inscritos nas provas de Orientação e de Orientação de Precisão e 300 na prova aberta.
Ricardo Chumbinho justificou a presença de atletas oriundos de países que não pertencem ao espaço europeu como o facto de se tratar de uma competição que também conta para a Taça do Mundo da modalidade. Alguns chegam de longe, muito longe, para uma prova pontuável do campeonato do mundo, que atravessam o mundo inteiro para competir em Palmela.  
Este é o ponto alto de uma modalidade que tem dado sinais de franco e continuado crescimento ao longo dos anos, num país que acordou tarde para o fenómeno. Reza a história que a primeira prova organizada de orientação terá acontecido na cidade norueguesa de Bergen, em 1897. Em Portugal, a sociedade civil só tomou contacto com ela em 1980, mas desde então os números não têm parado de subir: 670 atletas federados em 1996, 1190 em 2000, 2018 em 2005, 2752 na actualidade.
Para os menos familiarizados com esta prática desportiva, aqui fica um resumo rudimentar de um percurso de orientação: é constituído por uma partida assinalada com um triângulo num mapa, um conjunto de pontos de controlo, de passagem obrigatória, identificados por círculos e numerados na ordem pela qual devem ser visitados e por uma meta, simbolizada por um duplo círculo. Os atletas partem para o desafio munidos do mapa fornecido minutos antes pela organização e de uma bússola.
A partir daí, é a capacidade atlética dos participantes e a rapidez e precisão na leitura das indicações a ditar a lei. A orientação é a melhor arma para não se quer perder.

240 mil euros de orçamento 
Provas já começaram na quinta feira, em Sesimbra e Palmela 
“É a prova mais importante realizada em Portugal. Houve já um Campeonato do Mundo de orientação em BTT, mas acaba por ser menos importante do que este Campeonato da Europa”, dizia um dos responsáveis pela  Federação Portuguesa de Orientação (FPO). Os custos da organização também o atestam: para o Mundial da variante BTT despendeu-se uma verba cinco vezes inferior à investida para a competição deste ano, que prevê um total de 17 mapas para todo o evento.
Só a taxa de organização que a FPO tem de pagar à federação internacional da modalidade para acolher o evento ronda os 25 mil euros, fora os gastos associados à logística. Ainda assim, tendo em conta o impacto que o evento terá na região (as unidades hoteleiras mais próximas estarão lotadas por esta altura), “é expectável um saldo final positivo”.
Ao todo, o evento conta com um orçamento de 240 mil euros, sendo que a câmara de Palmela - principal apoio do evento - atribui um apoio de 40 mil euros, para além do apoio logístico. “Esperemos que fique no nosso território muito mais”, referiu Álvaro Amaro, presidente do município de Palmela. E na verdade pode ficar muito mais. O nome de Palmela é conhecido em todo o mundo, os mapas estão prontos e acessíveis, e além dos 750 atletas, são esperados mais de duas mil pessoas que chegam para acompanhar os atletas e irão deixar receita na região... e podem voltar!

Palmela na linha da frente da modalidade em Portugal 
As provas estão abertas a todos 

Na apresentação do evento, em conferência de imprensa realizada na Escola Secundária do Pinhal Novo na quarta-feira, o presidente da Câmara de Palmela, Álvaro Amaro, salientou a aposta do município numa modalidade que promove o “desenvolvimento mental e físico dos participantes, ao mesmo tempo que lhes permite usufruírem da paisagem e da natureza”.
Para o autarca, "a orientação é rainha nos países do norte da Europa, mas aqui ainda está a dar os primeiros passos”, acrescentou o presidente convicto de que o concelho de Palmela reúne excelentes condições para a prática da modalidade.
O presidente da Câmara de Palmela garantiu que a modalidade de orientação tem vindo a crescer no concelho ao longo dos últimos anos, “graças aos bons resultados obtidos por alguns alunos que frequentam as escolas do concelho de Palmela”.
E na verdade, tanto a escola secundária de Pinhal Novo como a Secundária de Palmela, tem apostado forte nesta modalidade.
O campeonato europeu de Orientação vai ter várias etapas disputadas no Pinhal Novo, Quinta do Anjo, Marateca, Poceirão e Palmela, mas também na zona do Meco, em Sesimbra, com o apoio de diversas escolas e das câmaras municipais de Palmela e Sesimbra.
Muitas das selecções de topo, de resto, nos últimos meses já visitaram Portugal para ciclos de treino específicos e para se familiarizarem com algumas das nuances do território. “Há sempre algumas variações de cartografia. Nós temos um certo tipo de vegetação, por exemplo, que não existe em terreno nórdico. Nesse sentido, é importante a adaptação”, explica fonte da FPO. 
Por razões históricas, os nórdicos assumirão o papel de favoritos neste Europeu, que se dividirá entre Orientação Pedestre e Orientação de Precisão (que abrange também atletas portadores de deficiência) e contará, na primeira vertente, com 18 atletas portugueses. O objectivo? A obtenção de duas finais A e um top 20 na estafeta, de acordo com o plano de alto rendimento traçado pela FPO para 2014. À espera do vencedor, já se sabe, não há um prémio monetário, mas uma medalha de ouro e o prestígio que ela carrega.
O Centro Histórico de Palmela recebe este domingo a cerimónia de abertura, com todas as nações participantes, e a primeiras finais deste campeonato. As finais de longa duração decorrem na Marateca e a cerimónia de encerramento está marcada para dia 16 em Quinta do Anjo.

Agência de Notícias

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