GNR não homenageou guardas feridos no Pinhal Novo

Mal estar no Posto da GNR de Pinhal Novo por falta de “louvores” das chefias da GNR

As condecorações pela acção no sequestro do Pinhal Novo estão a gerar polémica na GNR. Fonte da Guarda diz que processos para condecorar feridos e militar morto vão decorrer, mas não adianta prazos. Os militares denunciam “injustiça” por louvores a unidade de intervenção com 70 militares terem sido mais rápidos. A Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda vai mais longe e pede, além das condecorações aos militares feridos, que sejam promovidos como mandam os estatutos da GNR. Dos quatro militares feridos ainda nenhum voltou ao trabalho. Um deles regista sinais de stress pós-traumático.

Militares feridos no sequestro de Pinhal Novo ainda sem "louvores" 
A atribuição de louvores em massa à unidade de Intervenção pela operação da GNR no sequestro ocorrido num restaurante em Pinhal Novo, em Novembro do ano passado, está a provocar polémica no seio da corporação.
Cerca de 70 militares daquela unidade, incluindo guardas apenas com função de motorista, receberam louvores do Comandante-Geral da GNR, Tenente-General Luís Newton Parreira, mas os restantes, que chegaram primeiro e ficaram feridos, ainda esperam igual reconhecimento. Também o militar Bruno Chainho, que morreu, alvejado pelo sequestrador, ainda não foi alvo de condecoração. Irá ser condecorado em breve pelo Ministro da Administração Interna, Miguel Macedo.
“Os militares empenhados, conscientes da elevada dificuldade que o cumprimento da missão comportava, executaram-na [a operação] de acordo com o planeamento efectuado e, após uma violenta troca de tiros com o adversário, neutralizaram-no, resolvendo a situação que se arrastava há cerca de sete horas”, recorda o despacho de Newton Parreira em Dezembro deferiu a proposta de louvores feita pelo comandante da Unidade de Intervenção, escreve o jornal Público.
O mesmo documento sublinha apenas que a “intervenção inicial da patrulha do Posto da GNR local permitiu a libertação da esposa e da filha, e num segundo momento, a fuga do proprietário e do filho” e que o “militar que entrou no estabelecimento foi alvejado pelo sequestrador, ficando caído no seu interior”.

“Ninguém está esquecido”, diz a GNR 
Ora, a celeridade da atribuição dos louvores aos elementos da unidade,  de acordo com várias fontes da GNR, está a provocar um ambiente de contestação. Muitos militares sentem que a diferença de tratamento representa uma injustiça com o colega morto em serviço e com os feridos.
Segundo relata o jornal Público, “ninguém está esquecido”, diz um responsável da Guarda. “Posso assegurar que a Guarda nunca iria esquecer um dos nossos que morreu em serviço. Está a ser preparado um reconhecimento especial, talvez uma cerimónia, para o Bruno Chainho e reconhecimentos para os colegas feridos. Mas estes são processos mais complexos e, dados os trâmites legais, demoram mais tempo do que os louvores dados à unidade”, disse o capitão Marco Cruz, responsável pela Relações Públicas do Comando-Geral da GNR.
Ainda não haverá prazos para “a homenagem” ao Militar morto na noite de 23 de Novembro no Restaurante O Refúgio, em Pinhal Novo, mas o ADN sabe que o processo está em andamento e o militar será homenageado pelas chefias da GNR e pelo Ministro da Administração Interna, Miguel Macedo.

Comandante de Setúbal quer medalha póstuma a Bruno Chainho
Só os militares da Força de Intervenção da GNR receberam louvores 
Esta garantia, porém, não ameniza a polémica. Fonte da GNR assegurou que entre os 35 militares do Comando de Setúbal, entre os quais alguns do Posto de Pinhal Novo que ficaram feridos, uns serão reconhecidos com referências elogiosas e receberão louvores do comandante de destacamento, condecorações de menor valor do que o louvor do comandante-geral e que podem contribuir para a evolução das carreiras.
Newton Parreira ainda não deferiu também os louvores que o Comandante de Setúbal, Coronel Gomes, propôs aos feridos, assim como uma medalha póstuma a Bruno Chainho.
Em Novembro, quatro militares ficaram feridos quando foram atingidos por estilhaços de uma granada de fragmentação espoletada pelo sequestrador. Três ainda se mantêm em baixa médica desde então. Estão a receber tratamento diário de enfermagem e fisioterapia, bem como acompanhamento em consultas de psicologia e psiquiatria.  Fonte da GNR garantiu que pelo menos um militar regista sinais de stress pós-traumático.

ASPIG quer militares feridos promovidos
“É uma situação injusta. Congratulo-me por ver a unidade de intervenção a receber louvores. Mas não se percebe como são tão céleres com uns e demoram tanto com quem morreu ao serviço e com quem ficou gravemente ferido”, diz o presidente da Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda (ASPIG), José Alho.
"Os louvores deveriam ser, no mínimo, iguais para todos. Não é melhores para os da intervenção e menos bons para quem lá chegou primeiro e foi atingido. Não faz sentido", diz o dirigente da ASPIG.
José Alho garantiu ainda que a associação vai “exigir que os feridos e o próprio Chainho, de forma póstuma, sejam promovidos de imediato ao posto seguinte, como o estatuto do militar da GNR prevê”.
E diz mais José Alho: “Estamos a falar, no caso dos feridos, de jovens que ficam marcados para a vida e não poderão ir a concursos para promoção porque não têm agora condições físicas. É um reconhecimento previsto. Vamos estudar isso com o nosso advogado”, explicou o presidente da ASPIG.

Agência de Notícias
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