Siderurgia Nacional quer sair de Portugal


Preço da energia pode deixar 750 pessoas sem emprego

Os trabalhadores da Siderurgia Nacional foram informados pela administração de que a empresa poderá mudar-se para Espanha, devido aos custos de energia, e apelaram à intervenção do governo. Américo Leal, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul, falou à Lusa após um plenário nas instalações da empresa, cuja administração informou "o sindicato e comissão de trabalhadores, que, ou se resolve o problema do custo da energia, ou o futuro pode passar por levar a empresa para Espanha". Apelam agora à intervenção do Governo.

Trabalhadores da Siderurgia já sabem das intenções da administração 

A Siderurgia Nacional – com fábricas no Seixal e na Maia –  poderá mudar-se para Espanha, para ter custos de energia mais acessíveis. Os trabalhadores foram informados pela administração desta intenção, segundo o sindicalista Américo Leal, citado pela Agência Lusa.
À Lusa a Administração da Siderurgia Nacional não quis responder, mas o ADN já a 26 de Abril tinha escrito que Álvaro Almodóvar, O administrador do gigante do aço, garantia que a empresa já não consegue suportar os custos energéticos que considera "completamente desajustados da realidade". Citado na edição do semanário Expresso, o responsável explica que, "em Espanha, onde também temos uma unidade, na Galiza, os custos por megawatt hora são 21 euros mais baixos e isso faz muita diferença". E, remata, ou há uma revisão dos custos energéticos para as empresas ou "simplesmente" fecham e vão produzir para outro lado, nomeadamente para Espanha".
O mesmo terá sido dito aos trabalhadores já que segundo o líder do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul, a administração informou “o sindicato e a comissão de trabalhadores que, ou se resolve o problema do custo da energia, ou o futuro pode passar por levar a empresa para Espanha”.
A reivindicação da empresa vai ao encontro do que a CGTP tem defendido, "que é preciso baixar o preço da energia, não só nesta empresa, mas no país", disse.
"Este é um problema que o Governo tem que ter em conta, pois são 750 postos de trabalho em risco", salientou.
Em plenário realizado no Seixal, foi decidido pedir uma reunião com os grupos parlamentares e com o ministro da Economia, com as câmaras municipais da Maia e do Seixal e realizar um plenário com os trabalhadores da Maia.

A história de um gigante
Lançada por Salazar, foi fortemente impulsionada por António Champalimaud, na altura o homem dos cimentos e da banca, a que juntou o aço. Com a contribuição também da CUF, foi inaugurada em 1961e constituiu um forte motor de desenvolvimento da zona do Seixal. A Siderurgia Nacional foi nacionalizada depois do 25 de Abril e acabou por não acompanhar o desenvolvimento da competitividade europeia.
Atualmente, debate-se ainda com o mesmo problema da restante indústria nacional: o custo elevado da energia.
A Siderurgia Nacional, apesar do seu declínio desde o encerramento do alto forno do Seixal, em 2001, ainda totaliza 750 trabalhadores nas duas instalações nas duas fábricas portuguesas e exporta 80 por cento da produção para mais de 40 países. Em 2012, a empresa facturou 750 milhões de euros. Pode estar agora a caminho de Espanha se nada for feito pelo Estado português.

Trabalhadores despedidos há 12 anos ainda esperam decisão do tribunal
O início do julgamento dos trabalhadores despedidos da Siderurgia Nacional Serviços, no Seixal, em 2001, agendado para a semana, voltou a ser adiado, disse à Lusa um dos autores do processo.
Depois de passados quase 12 anos da entrada do processo, o início do julgamento dos trabalhadores despedidos da Siderurgia Nacional Serviços estava agendado para 17 de Maio no Tribunal do Trabalho de Almada, mas a sessão foi adiada, por uma questão processual, adiantou Nuno Silva, um dos antigos trabalhadores da empresa.
“Estou cada vez mais revoltado com a Justiça. Em Janeiro, o julgamento foi adiado devido à morte de um dos trabalhadores despedidos, também autor do processo, mas entretanto já deviam estar tratadas as questões processuais para o processo prosseguir”, declarou.
Nuno Silva foi um dos 200 trabalhadores da Siderurgia Nacional Serviços que assinaram em 2001 a rescisão dos seus contratos, no quadro do encerramento da actividade siderúrgica da empresa pública, com a promessa de, ao fim de seis meses a um ano, frequentarem cursos de formação profissional e serem integrados em novas empresas.
Com tal não aconteceu, mais de 100 dos trabalhadores envolvidos avançaram com um processo em tribunal.
De acordo com Nuno Silva, que estranha que três meses não tenham sido suficientes para tratar da questão processual que ditou o adiamento de Janeiro, não existe ainda uma nova data para o início do julgamento.


Agência de Notícias

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