Reformados protestam em Setúbal contra cortes


“Nós somos os verdadeiros reformados  indignados”  

Cerca de 150 reformados desfilaram esta quarta-feira entre o Centro Distrital de Segurança Social e o Largo da Misericórdia, em Setúbal, para exigir mais direitos sociais em vez dos cortes nas pensões que lhes estarão a ser aplicados. O distrito de Setúbal tem 221 mil que recebem pensões da segurança social, 23 mil recebem pensões de sobrevivência e 19 mil pensões de invalidez.

Larga maioria dos reformados do Distrito ganha menos de 500 euros

"Sou reformado e estou a ser roubado por este Governo. Tinha uma reforma de 700 e tal euros e já me roubaram 200 e tal euros. Este Governo não pode continuar, o povo tem de sair à rua, como saiu no sábado, e correr com esta gente", disse à agência Lusa Rui Nunes, um reformado de Alhos Vedros.
"Há gente dos bancos que trabalhou quatro ou cinco anos, que levam 15 mil, 20 mil ou 30 mil euros. Eu trabalhei 49 anos para me darem uma reforma de 700 euros e ainda por cima sou roubado", acrescentou.
Indignado estava também Francisco Melro, um reformado de Setúbal, revoltado pela forma como tem sido tratado pelo Estado ao longo de toda a vida.
"Sou um ex-combatente. Roubaram-me a minha juventude e agora estão a roubar-me a reforma e a pensão que o Paulo Portas deu aos ex-combatentes da guerra colonial", explicou."Já me tiraram à volta de 400 euros. Agora recebo 700 euros e pago 600 de renda de casa", disse.
Durante a ação de protesto organizada pela InterReformados, afeta à CGTP/intersindical, gritaram-se palavras de ordem a exigir novas políticas e a demissão do governo PSD/CDS.

71,5 por cento dos reformados recebem menos de 500 euros
Josélia Xavier, dirigente da Inter Reformados, refere que “71,5 por cento dos reformados recebem menos de 500 euros mensais, números que não dignificam em nada a vida dos reformados”.
De um universo total composto por 275 mil reformados e pensionistas no distrito, “221 mil recebem pensões da segurança social, 23 mil recebem pensões de sobrevivência e 19 mil pensões de invalidez” frisa a dirigente. Luís Leitão, dirigente da União dos Sindicatos de Setúbal (USS) da CGTP, afirma que “os reformados e pensionistas lutam pelo aumento de reformas”.
 Luís Leitão admite que “são necessárias novas políticas dos governos para combater a insatisfação dos reformados”. O aumento de 0,4 a 0,9 cêntimos por dia para aqueles que têm pensões mais baixas, medida imposta a partir de 2010, é mesmo classificada por Josélia Xavier como “uma vergonha”.
Josélia Xavier alerta também para a “necessidade imediata dos planos de austeridade deste governo serem travados porque estes grupos de reformados pensionistas e idosos são claramente os mais penalizados”. Por seu lado, Luís Leitão salienta que “as reivindicações dos reformados não podem ser vistas como privilégios mas como direitos”.

Agência de Notícias 

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