Reticências da Sociedade por Ana Sofia Horta


Querido Pai Natal; 

A vida dá de facto muitas voltas e não tenho receio, nem medo de contar as voltas que deu. É triste tentar ter a vida organizada, com emprego e vida social e chegar ao fim de semana e o telemóvel não toca para saber sequer se estou bem! Os que se dizem, ou diziam meus amigos, não sabem sequer se estou empregada ou desempregada.


Eu estico a mão e espero um sorriso, mas será que amigos têm que dizer “olha estou aqui existo, vamos beber um café”. Sei que tenho culpa no cartório por me ter fechado no meu Mundo até conseguir enfrentar o Mundo comum apenas com a ajuda da minha Mãe, prima e amigo. O que são afinal os amigos? O que é a amizade? Se ninguém me manda uma mensagem a perguntar sequer se estou bem há meses.
Sim tenho um grande amigo no Algarve, casado com filhos a tentar arranjar emprego. Adoro-o mas sabemos que a distância nunca foi muito amiga. E sai um pouco caro ir ao Algarve beber cafés ao fim de semana.
Com isto peço ao Pai Natal que me traga amigos verdadeiros com quem possa contar porque pelos vistos já não sei o que é.


Ana Sofia Silva Horta
Educadora de Infância no Desemprego
Oeiras 

O mundo pula e avança mas, à quarta-feira, Ana Sofia Horta chega ao ADN com uma história de vida ou uma estória pessoal. Uma visão muito pessoal e uma opinião muito real da sociedade. Para ler, saborear, pensar e analisar.

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