Novos horários da Linha do Sado geram contestação


CP deixa centenas de alunos sem transporte de regresso

O horário dos transportes públicos ferroviários na Linha do Sado foram alterados no passado domingo, afetando essencialmente as Praias do Sado, onde vai ser registada uma menor afluência de serviços nos períodos de manhã e da noite. Américo Leal, presidente da Comissão de Utentes da Linha do Sado, demarca-se da medida por considerar que “existem razões profundas por detrás desta” e alerta para o “início de piores consequências para os passageiros”. Os estudantes do Instituto Politécnico de Setúbal também protestam os novos horários.

Mudança de horário dos comboios da linha do Sado preocupa utentes


“Com a alteração nos horários a população da freguesia do Sado, os estudantes do Politécnico e os trabalhadores da CP/Carga que ali trabalham saem diretamente prejudicados”, diz Américo Leal. Nos dias de semana, entre as Praias do Sado e o Barreiro, o primeiro comboio da manhã, às 5 horas passa a partir de Setúbal às 5h08. O mesmo sucede com o último serviço noturno, com o comboio que atualmente parte das Praias do Sado às 23h40, a iniciar a marcha a partir de Setúbal às 23h48.
No sentido contrário, o último comboio diário com destino às Praias do Sado passa a ser às 22h04 e não às 00h03, como se verifica atualmente. Nos fins de semana e feriados, esta situação repete-se, com o último serviço em direção à freguesia setubalense a ser às 22h03 e não às 00h03. Já no sentido entre as Praias do Sado e o Barreiro fora dos dias úteis, o último serviço que parte às 23h40 passa a partir de Setúbal às 23h48.

Alunos do IPS sem comboio a partir das 22h40
Ricardo Rocha é aluno da Escola Superior de Ciências Empresariais do Instituto Politécnico de Setúbal (IPS). Reside na Moita e acumula o trabalho com os estudos, nocturnos. Está bastante preocupado com a mudança do horário do último comboio, e foi o primeiro subscritor da petição, disponível na internet.
“É uma situação inqualificável, com as regras a mudar a meio do jogo, sem que nós, utentes e pagantes, sejamos tidos em conta nessa alteração”, refere o estudante.
Indignado, Ricardo Rocha lembra que as aulas terminam às 23 horas, e o último comboio para o Barreiro sempre foi às 23h40, sendo que, da escola até ao apeadeiro das Praias do Sado, “sempre levamos 15 minutos a pé”.
Com esta alteração preconizada pela CP a partir de segunda-feira, o comboio parte uma hora mais cedo. “Teremos de optar entre abandonar as aulas uma hora mais cedo, ou irmos a pé para casa”.
O mesmo diz Adriana Oliveira, de Pinhal Novo. “A CP não olha aos passageiros quando procede a alterações deste tipo. Primeiro são as greves absurdas que muitas das vezes nos deixam apeados e agora é a própria CP que nos obriga a escolher estudar ou ficar sem transporte”. Adriana diz mais: “pagamos o passe numa condição, e as regras alteram-se a meio do jogo…”. “É algo de imoral e profundamente desumano aquilo que a CP faz aos passageiros”, diz a estudante de 28 anos, residente em Pinhal Novo.

Petição online exige regresso do comboio das 23h40

Utentes exigem comboio das 23h40 em Praias do Sado 

É pretensão deste abaixo-assinado “que a CP coloque de novo a circular o comboio das 23.40 horas, para que nós, estudantes e docentes, do regime nocturno do IPS não sejamos abandonados” mas também é intenção que o resultado desta petição on line “chegue ao conhecimentos dos grupos parlamentares e à Assembleia da República,” garante Adriana.
No final da tarde da passada sexta-feira, a comissão de utentes da Linha do Sado, União dos Sindicatos de Setúbal (USS) e Junta de Freguesia do Sado levaram a cabo uma concentração de protesto, na estação dos comboios na Praça do Brasil. No local, os reclamantes deixaram uma reclamação por escrito ao cuidado da administração da empresa.
Na base da reivindicação, está, para além da supressão do número de comboios diários, entre as Praias do Sado e o Barreiro, “os atrasos e as supressões diárias que se estão a verificar na Linha do Sado, prejudicando desse modo o serviço público aos utentes e provocando tempos de espera em cerca de uma hora, com claras consequências de mobilidade das populações”.
Para a comissão de utentes da Linha do Sado, USS e autarquia local “tal situação advém da estratégia da administração da CP, que reduz o número de trabalhadores, viola os acordos estabelecidos entre a CP e os trabalhadores, e prejudica o serviço público”.
Por parte da CP, a sua porta voz, Ana Portela, defende que as alterações serão “mínimas”.
Mas são “essas mínimas alterações” que deixam “centenas de alunos de uma universidade sem qualquer transporte púbico de regresso a casa a partir das 22h40… quando temos aulas até às 23 horas”, lamenta Adriana.


Agência de Notícias

Comentários