Faurencia despede 92 pessoas em Palmela

Queda na produção da Autoeuropa dita despedimento na Faurencia

No âmbito de reestruturação, a Faurecia, um dos maiores fornecedores de componentes auutomóveis da Volkswagen Autoeuropa, em Palmela, anunciou o despedimento colectivo de 92 trabalhadores. A fábrica empregava no início do ano 396 trabalhadores.

Faurencia avança com despedimento coletivo em Palmela 

De acordo com Daniel Bernardino, coordenador da comissão de trabalhadores da Faurecia, "as razões deste despedimento prendem-se com o encerrar da linha de pintura - uma vez que este trabalho é assegurado pela SPPM, empresa detida pela Inapal e que é fornecedora da Autoeuropa -, com a redução de produção para a Peugeot em Espanha e também com a redução de produção prevista pela Autoeuropa para o próximo ano".
Em 2005, a Faurecia perdeu o negócio da pintura da VW Autoeuropa para a SPPM, situação que levou a empresa a procurar outros clientes. A Faurecia esteve na corrida para ficar com a SPPM, que enfrenta vários problemas financeiros, mas as partes não chegaram a acordo.
No total, a fábrica já dispensou 40 por cento da força de trabalho este ano, ou seja, 140 colaboradores, sendo que mais de 40 pessoas saíram com rescisões de mutuo acordo. "Vamos terminar o ano com apenas 192 trabalhadores na fábrica. Infelizmente esta realidade está a alastrar-se a todo o parque industrial da Autoeuropa", sublinha o responsável.
A administração da Faurecia em conjunto com a comissão de trabalhadores tentou durante algum tempo encontrar alternativas, que podiam passar por integrar alguns dos trabalhadores nas empresas em que o grupo Faurecia detém 50 por cento do capital - SAS e Vanpro [também situadas no parque industrial de Palmela] -, ou avançar com um programa de mobilidade que permitirá transferir colaboradores para outras unidades no País.

“Situação económica tem vindo a deteriorar-se nos últimos anos” Segundo um comunicado da administração da fábrica, “tendo em conta o abrandamento de volume de negócio por parte dos seus clientes, especialmente no sector da pintura, e ainda, o facto de não se preverem novos negócios”, leva a Faurecia a ser “obrigada a restruturar esta unidade, reduzindo o número de trabalhadores, de forma a assegurar a sustentabilidade da sua fábrica”.
Essa reestruturação implicará, no total, uma redução de 92 postos de trabalho (diretos e indiretos), no início de 2013 e “permitirá que a fábrica de Palmela da Faurecia consiga enfrentar de forma adequada os próximos anos, assegurando a sustentabilidade e competitividade da sua atividade”.
Segundo a empresa, o processo de reorganização passa pela redução de 51 postos de trabalho na área de Sistemas de Interiores da Faurecia - “devido à redução de volume de produção e à finalização de projetos em curso” - e pela transferência da unidade de pintura de pára-choques de Palmela, na área de Sistemas de Exteriores da Faurecia, para Tudela (em Espanha), o que atingirá 41 postos de trabalho.
Ainda em comunicado, a Faurecia refere que a reestruturação da fábrica de Palmela - inicialmente construída em 1994 – surge, para “contribuir para o desenvolvimento sustentável da sua atividade” que fornece o complexo industrial da Volkswagen Autoeuropa e que, ”ao longo dos anos, foi adquirindo novos projetos, como a produção de componentes para a PSA Peugeot-Citroën (pintura de para-choques) e para outras marcas do Grupo Volkswagen (pintura de cockpits)”.
Reconhecendo que esta estratégia tem “melhorado a situação da fábrica”, a empresa adianta que “a sua situação económica tem vindo a deteriorar-se nos últimos anos, tendo sido agravada com a recente desaceleração e redução da produção na indústria automóvel europeia”.

Grupo tem oito fábricas em Portugal Com a implementação das medidas, a fábrica de Palmela espera “beneficiar de uma organização industrial, adaptada ao nível da sua atividade”, “dedicar exclusivamente a sua atividade aos sistemas de interiores, “focar-se totalmente no cliente Volkswagen”, “trabalhar com um total de 192 colaboradores” e “desenvolver positivamente a sua atividade, garantindo a viabilidade económica do negócio”.
No mesmo documento, a empresa refere que “a Comissão de Trabalhadores foi devidamente informada sobre esta reestruturação” e que “a Faurecia continuará a colaborar com os representantes dos seus trabalhadores no desenvolvimento e implementação deste processo” de reorganização.
“A Faurecia irá dar o apoio necessário aos colaboradores abrangidos por estas medidas, na procura de soluções de empregabilidade adequadas, tanto interna como externamente ao Grupo, quando e onde for possível”, acrescenta a administração.
A Faurecia de Palmela produz vários componentes (partes do 'tablier' e forras das portas) para o modelo VW Eos, produzido na Autoeuropa. Em Portugal, o grupo francês tem oito fábricas em Portugal - Bragança, Nelas, Palmela, São João da Madeira e Vouzela -, onde emprega cerca de três mil trabalhadores. A empresa tem ainda duas 'joint-ventures' em Palmela, a Vanpro e a SAS. O grupo de origem francesa, que tem como principal cliente nacional a VW Autoeuropa, teve um volume de vendas de 603 milhões de euros, em 2010.

Paulo Jorge Oliveira 

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