Diáfano Portus Cale por Marta Tomé


 “Bandeira branca ao Humor negro”

Esta semana fiquei deveras decepcionada com a atitude de uma figura pública actualmente conhecida pela sua faceta humorística. Confesso que também eu visto o disfarce de “palhaça” sem ser no Carnaval e trago sempre na algibeira uma pitada de humor, e outra tanta de piri-piri para dar sabor às piadas. Mas quanto ao humor negro, para esse tenho os meus limites, oh sim! Por humor negro, entendemos ser aquele humor sarcástico; humor irónico, mas não devemos confundi-lo com humor inconveniente, com capacidade de ferir.


Como é de conhecimento geral, recentemente assistimos a um trágico fenónemo inesperado no Algarve e lamentavelmente houve quem brincasse com esta situação perguntando com toda a sua graça (que deixou de ter nesse momento) na sua página pessoal qual o nome que se deveria aplicar ao tornado (?) e, aí entro eu, nome para tornado? Será que entre tanta necessidade em ser o mais rápido em postar na sua página uma anedota sobre a actualidade se esqueceu que são aos furacões que se atribuem nomes e não aos tornados? Ainda brincou com uma frase “caldo em tornado”,  pois bem, quem parece estar com o “caldo entornado” será esta personalidade, pois muitos foram os fãs que mostraram o seu descontentamento.
Julgo ser maior a sede de talento do que a existência do mesmo para chegar-se a este desespero. Como exemplo, se olharmos para os EUA onde semanalmente personalidades bem conhecidas do humor como o Connan O’Brien, Jay Leno (…) dedicam uns minutos a brincar com a actualidade, inédito e punível seria vê-los a brincarem com catástrofes naturais de que são vítimas, pois além de não necessitarem de ser desumanos para captar a atenção dos telespectadores, é certo e sabido que uma atitude dessas ditaria o final das suas carreiras.
Naturalmente e para sua surpresa viu-se forçado a justificar-se, mas limitou-se com um lamento pelo ocorrido apesar de que na sua opinião “brincar com as coisas é, em muitos casos, sinónimo de inteligência”. Pois bem, tendo em conta tal epifania, na minha opinião “é em muitos” não significa que neste caso em particular se deva brincar, tendo em conta que fáceis não são os tempos e como se não bastasse houve pessoas que ficaram sem casas, negócios (…). Com tantas greves a decorrerem também esta personagem fictícia deveria aderir a uma greve de silêncio e porque não hastear uma bandeira branca por uns tempos.



Marta Tomé
Lisboa 
Diáfano Portus Cale – Portugal Transparente – é um olhar sobre a sociedade portuguesa da autoria de Marta Tomé, à segunda-feira para o ADN

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