Casal de deficientes vive num carro, na Amadora


Foram desalojados pela Câmara da Amadora

O casal de deficientes, residente no Casal da Mira, Amadora –  que viu há tempos o tribunal penhorar-lhe um Renault Clio adaptado – foi  há uma semana, despejado de casa, na Amadora. Daniel e Laurinda Ribeiro dizem ter sido avisados através de um simples aviso oral na sexta-feira. A Câmara desmente. Laurinda e Daniel, ambos com poliomelite, e o filho, Herman, de 16 anos, ficaram à porta do prédio onde viviam. E por lá continuam a viver dentro de um carro.

Casal de deficientes vivem com filho... dentro de um carro há uma semana  

Foi de lágrimas nos olhos que Daniel e Laurinda Ribeiro, 54 e 56 anos, viram os funcionários da Câmara Municipal da Amadora transportarem os seus bens para fora da casa, há uma semana.
Em 2007, por causa de uma dívida relacionada com um café que geriram em Leça da Palmeira, Daniel e Laurinda foram viver para casa do tio, que viria a morrer dois anos depois.
Como se tratava de uma habitação municipal, o casal foi avisado, nessa altura, de que deveria sair. Segundo a autarquia, em Junho de 2009, a família assinou mesmo uma declaração de intenção em abandonar a casa dentro de dois meses.

Segurança Social ofereceu... 700 euros
O casal recebeu então 700 euros da Segurança Social para procurar habitação no mercado privado. "Mas não conseguimos arrendar casa porque toda a gente queria ver os nossos rendimentos e diziam que não eram suficientes", alega Laurinda, acrescentando que a única fonte de rendimento do casal são as duas pensões de invalidez, no valor de 300 euros cada.
"Acabámos por gastar o dinheiro em obras e limpezas nesta casa, que tinha baratas e cheirava mal".
Laurinda Ribeiro admite ter recebido "muitas ameaças" de que tinha de abandonar a casa, mas que nunca eram concretizadas.
Até segunda-feira, 29 de Outubro. "Na sexta-feira, bateu-me à porta um polícia municipal e disse que vinham despejar-nos na segunda", conta. "Não nos mostraram nenhum documento, mas vieram mesmo".

Sem sítio para morar
Agora, a família diz não ter onde morar. Para já, alguns dos bens ficaram no velho carro adaptado do casal, um Renault Clio de 1995 que, embora tenha sido penhorado em Maio, permanece estacionado à porta da casa onde o casal morava. "É desumano o que nos estão a fazer. É uma perseguição", diz Daniel Ribeiro.
A Câmara da Amadora garante que a família dispõe de "alternativa habitacional no norte do país" e deixou de colaborar com a “autarquia e a Segurança Social na busca de uma solução”.
Oito dias volvidos do despejo, a situação mantêm-se. A família procura casa – uma casa que pela doença de ambos tem de ser acessível – para morar e a um “preço possível de pagar”, diz  Laurinda. Os vizinhos ajudam como podem e a SIC disse ontem que alguém que não quis ser identificado teria se oferecido para ajudar esta família que há oito dias vive dentro de um carro velho, sem condições de habitabilidade e sem o conforto que doentes com poliomielite precisam.

Agência de Notícias 

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