Cantinas Sociais com mais gente à porta


Haverá dez vezes mais cantinas sociais até ao final do ano

As cantinas sociais garantem que as refeições não chegam para todos os pedidos de ajuda, porque são cada vez mais as famílias a recorrer ao apoio de uma refeição. De acordo com o Jornal de Notícias, as listas de espera estão a aumentar um pouco por todo o país. A cantina social da Santa Casa da Misericórdia do Porto, por exemplo, tem já 20 famílias à espera de ajuda. Outras 15 esperam por apoio da Santa Casa da Misericórdia de Almada. O ministro da Solidariedade e da Segurança Social, Pedro Mota Soares, diz que “haverá uma cantina social em todos os distritos e concelhos”, numa parceria com as instituições de solidariedade, prevendo “alocar 50 milhões de euros”  para tornar o projecto em realidade. Mas, ainda assim, há quem vá em busca de comida num carro de luxo. É o que se passa no Pinhal Novo.

Governo quer reforçar Cantinas Sociais para evitar fome em Portugal 

O agravamento da crise já levou o ministro da Solidariedade e da Segurança Social, Pedro Mota Soares, a anunciar a criação, até ao final do ano, de mais 120 cantinas sociais, que, a trabalharem no seu máximo, irão alimentar mais 7800 pessoas por dia. O anúncio do Governo surgiu após o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, padre Lino Maia, ter revelado que das cerca de 500 cantinas sociais existentes, 400 esgotaram a capacidade de resposta. Destas, 200 estão a servir mais do que as 65 refeições previstas por lei, como é o caso da Cáritas Diocesana de Setúbal.
Por isso, o ministro da Solidariedade e Segurança Social celebrou, no final de Outubro, protocolos com instituições de solidariedade para a criação de mais 36 cantinas sociais.
No final do ano passaremos de 62 para 620, ou seja, teremos dez vezes mais cantinas”, garantiu Pedro Mota Soares, citado pela Lusa, lembrando que este é um projeto destinado a responder a uma “situação extraordinária” que se está a viver no país.
No próximo ano, o ministério vai disponibilizar 50 milhões de euros para este projeto que pretende ajudar as famílias que não conseguem garantir um mínimo de duas refeições por dia.
Pedro Mota Soares sublinhou “o papel imprescindível em tempo de crise” das instituições de solidariedade social. Mas há instituições que se queixam de dificuldades e atrasos nos pagamentos por parte da tutela. Já o ministério da Solidariedade e Segurança Social assegura que não há listas de espera, nem atrasos nas transferências de verbas.

Famílias com sinais de riqueza exterior nas Cantinas Sociais
No Pinhal Novo, de acordo com uma reportagem do Correio da Manhã, no último ano disparou de 170 para 808 o número de pessoas com o Rendimento Social de Inserção. O aumento de carenciados leva o presidente da Fundação Centro de Ocupação Infantil (COI), Carlos Taleço, a antever que seja necessário reforçar as refeições fornecidas pela cantina social, apesar de a instituição já ter atingido o limite máximo de 65 refeições diárias.
O aumento da procura, sobretudo por famílias com filhos menores, leva mesmo pessoas com vencimentos muito superiores à média a pedirem ajuda. Carlos Taleço sublinha que a Fundação COI é confrontada com situações como a de um casal com dois filhos menores e um vencimento de 2500 euros que pediu ajuda alimentar de emergência porque o ordenado é para pagar dívidas. "Numa situação de emergência e por um período transitório foi encontrada uma solução de fornecer alimentação aos dois filhos menores", explica.
Num outro caso, o pedido de ajuda surgiu da esposa de um empresário da construção civil, entretanto falido, que se deslocou à instituição num carro descapotável. "O pedido acabou por ser negado, porque apesar de não haver rendimentos havia sinais exteriores de riqueza evidentes", justifica o responsável pela Fundação.
Face ao número crescente de pedidos de ajuda e perante a imposição legal que impede servir mais do que 65 refeições/dia, Carlos Taleço diz que está a ser preparada outra solução: entregar a famílias que possuam algum rendimento refeições, pelo custo de 2,5 euros, valor igual ao que a Segurança Social paga à COI por cada refeição servida na cantina social.

Um padre farto de promessas
Cada vez mais pessoas não têm dinheiro para comprar comida 
"Farto de promessas" de dirigentes políticos que no período das eleições visitam o restaurante social, o pároco Constantino Alves, de Nossa Senhora da Conceição, em Setúbal, continua a servir 60 jantares diários graças ao apoio dos fiéis. As limitações técnicas impostas para a criação de cantinas sociais apenas permitem que sejam instaladas em associações ou misericórdias com alguma dimensão. Para manter vivo o projecto, o padre contratou uma empresa de catering. Contudo, Constantino Alves considera "escandaloso" que tenha de pagar 23 por cento de IVA por refeição que custa à paróquia 2,5 euros. "É dinheiro que podia usar para ajudar mais", diz.

Protocolos assinados em Março
O titular da pasta da Segurança Social argumentou que “é muito importante que se olhe para as instituições como parceiros e não muitas vezes como se olhava no passado, como se o Governo fosse a tutela das instituições sociais”.
Pela primeira vez, dirigentes do Ministério e das instituições sociais sentaram-se à mesma mesa para “falarem a mesma linguagem, o que é fundamental”, disse o ministro. A ideia é juntos “trabalharem na resposta social no terreno”, acrescentou.
Neste sentido irá ser feita uma seleção das instituições com as quais o Governo conta assinar os respetivos protocolos “no começo de Março”, do próximo ano.
Por outro lado as diferentes regiões onde funcionarão as cantinas sociais, serão identificadas com base em “critérios objetivos, como o número de habitantes e o de desempregados”, disse.

Agência de Notícias 

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