Governo pondera locais para aeroporto low cost‎

Novo aeroporto balança entre o Montijo e Sintra 

O Governo constituiu na semana passada um grupo técnico que tem de decidir até ao fim de Abril qual a melhor localização para o novo aeroporto de voos low cost – uma medida imposta pela troika. Para já ganham força as candidaturas de Montijo e Sintra.

Novo aeroporto será em Sintra ou Montijo 


Segundo o ADN apurou, há quatro hipóteses em análise, todas bases militares: Montijo, Alverca, Granja do Marquês (em Sintra) e Ota. São infra-estruturas já existentes, como, aliás, obriga o despacho do Governo, para que os custos sejam baixos. A grande disputa, segundo fontes do sector, deverá ser entre o Montijo e a Granja do Marquês, no concelho de Sintra.
Aliás, segundo fontes ligadas ao processo, “estão já a posicionar-se os grupos económicos com interesses legítimos e em breve será aberta a discussão pública sobre o melhor local para receber o aeroporto”, como sucedeu com a Ota e Alcochete.
Assim, se o aeroporto ficar no Sul, isto é, no Montijo, beneficiará grupos como o Espírito Santo – que ali tem campos de Golfe (Portucale, entre outros) e empreendimentos imobiliários (como Santo Estevão). Mas favorece também a Sonae (projectos turísticos em Tróia e na Comporta), os projectos turísticos da herdade do Rio Frio, concelho de Palmela, os três projectos do Arco Ribeirinho Sul, a Lusoponte (devido às travessias na zona) e a Brisa, entre muitos outros.
Já se aeroporto for para Norte de Lisboa, especialmente para Sintra, irá beneficiar o Casino Estoril, os golfes da Ota (da zona Oeste), a Mota-Engil (devido à exploração da IC16), a Brisa (na exploração da CREL) e todos os investimentos imobiliários que se desenvolvem em Cascais, Oeiras, Sintra e Mafra.

Infraestrutura traz muitos benefícios


“O importante é ter o aeroporto low cost em Lisboa, pois irá desenvolver em muito o turismo”, sublinha fonte do setor, recordando que a instalação destas companhias no Porto, fez, em sete anos, disparar de um para seis milhões o número de turistas. Milhões que se tornam ainda mais importantes quando multiplicados por 950 euros – o valor médio que cada turista gasta numa viagem a Portugal, segundo dados de 2011 do Instituto Nacional de Estatística.
O grupo de missão criado pelo Governo – que inclui elementos dos ministérios da Economia e da Defesa, da ANA Aeroportos, Força Aérea, Instituto Nacional de Aviação Civil, da NAV e do Laboratório Nacional de Engenharia Civil – tem 90 dias para apresentar um relatório sobre a melhor localização, respondendo a um conjunto de questões. Entre elas, o investimento mínimo a ser feito, os custos e proveitos da exploração aeroportuária, o potencial de contribuição para o desenvolvimento empresarial – especialmente do turismo –, e a existência de barreiras ambientais.
No que se refere a este último parâmetro, todos os locais apresentam problemas. Mas, quanto ao investimento, a Ota pode estar em desvantagem por se encontrar rodeada de montes e vales, dificultando a navegação aérea e obrigando a maiores alterações, com consequentes impactos financeiros. Alverca também tem, dizem fontes do setor, “bastantes limitações”. 

Montijo ou Sintra? O Governo decide…

Aliás, segundo o ADN, o grande braço de ferro deverá ser entre a opção Montijo e Granja do Marquês, em Sintra. O presidente da Câmara de Sintra, Fernando Seara, já apelou publicamente para que o aeroporto vá para a sua zona. E, no Montijo, juntam-se cada vez mais personalidades a defender a margem Sul como a melhor localização, devido aos acessos e ordenamento de território. Embora a presidente de Câmara, Maria Amélia Antunes, defenda a construção do aeroporto de raiz, no campo de tiro de Alcochete. 
Se na decisão do Governo pesar a ‘cor’ política das câmaras municipais da zona, ganhará Granja, pois conta com as autarquias de Cascais, Oeiras, Sintra e Mafra, todas do PSD. Já na opção Montijo, prevalecem as autarquias comunistas (como Alcochete, Barreiro, Seixal, entre outras), com exceção da própria cidade, que é 
PS.


PS Setúbal ao lado do Montijo
Deputado do PS defende Montijo 


Eduardo Cabrita, deputado da Assembleia Municipal do Barreiro e deputado da Assembleia da República pelo PS, considera que “haverá benefícios para a região” se o Aeroporto Low cost vier para o Montijo.
O deputado socialista considera que para a região “é mais interessante” que o aeroporto low cost fique localizado no Montijo, mas, sublinha, que, “esta não é uma questão central”.
Por outro lado, recordou, que a Força Aérea sempre defendeu que as suas bases eram “inegociáveis”, nomeadamente, a do Montijo que desempenha um papel importante.
Recordou, igualmente, que das experiências conhecidas, dando o exemplo de Milão, “a solução de dois aeroportos têm-se revelado desastrosas”.
Eduardo Cabrita, sublinhou que o atual Aeroporto de Lisboa, em 2011, atingiu mais de 14 milhões de passageiros e a “sua capacidade funciona nos limites”, dado que a sua capacidade máxima situa-se nos 16 a 17 milhões de passageiros. 
Por isso defende o deputado do PS [como também defende a presidente de Câmara de Montijo], que “é fundamental um novo aeroporto” e alertou para o facto de “uma má privatização da TAP” ser “uma ameaça ao atual aeroporto”.
O deputado socialista criticou o Governo pela sua “incapacidade de avançar com o novo aeroporto”, já definido e essencial numa estratégia de ligações aéreas do país
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Paulo Jorge Oliveira 

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